O Rei Leão e a Reinvenção da Mídia
Como o diretor Jon Favreau colocou uma nova cara na animação de 25 anos atrás.
"Reinventar clássicos." Para Jon Favreau, um desafio possível: em 2016 ele também foi o responsável pelo live-action de Mogli, utilizando um ator de carne e osso que interagia com um ambiente virtual.
Para O Rei Leão, no entanto, o diretor foi além: recriou o clássico de forma totalmente virtual, com um único take real – uma foto tirada por Favreau da savana africana, e que serve como cena de abertura – e outros 1490 takes renderizados.
Um Live-Action Virtual
Para criar as cenas foto-realistas do filme, Jon Favreau e a equipe de produção optaram por criar um set totalmente digital: animais, texturas, paisagens e luz. Desta forma, foi possível “entrar” no ambiente e escolher ângulos e movimentos de câmera, como em um filme convencional. Em Mogli, havia um set, uma tela verde, e câmeras reais; ao eliminar o fator humano da produção, o controle passou a ser como um grande jogo de realidade virtual.
Recriando um Clássico
O Rei Leão é um filme marcante para aqueles nascidos entre o fim dos anos 1980 e começo dos anos 1990, e revisitar essas emoções e lembranças pode ser perigoso. Afinal, para que o espectador reconheça a história e seus elementos, há uma via de mão dupla: de acordo com Jacques Aumont em seu A Imagem (Papirus Editora, 2012), ao tratar o espectador como parceiro ativo da imagem – o que acontece no cinema, que depende também da reação do público para acontecer – é esperado que o espectador reconheça, emocional e cognitivamente, a imagem, e se identifique com ela.
A ação de reconhecer não é apenas constatar semelhanças ponto a ponto (como a comparação feita por internautas entre as cenas musicais), é colocar no fator os aspectos emocionais e as lembranças que envolvem aquela situação. Pode haver ou não o prazer, no fim. No entanto, no caso da versão de Favreau de O Rei Leão, houve uma preocupação real do diretor em honrar e homenagear a animação original: todas as canções estão lá, repaginadas e reimaginadas por nomes como Beyoncé e Donald Glover, assim como as situações principais do roteiro.
Naturalismo Virtual
Após Mogli, o diretor e sua equipe possuíam uma tecnologia capaz de fazer a selva ganhar vida e animais realistas falarem como humanos – sem que isso removesse a sensação do espectador de ver animais reais na tela. Ao reinventar a mídia foto-realista, e como os que veem a percebem, Jon Favreau abre um novo caminho no cinema, o de criar mundos completamente virtuais, capazes de passar realismo, em que tudo é possível.
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